É comum estarmos em dúvida se um alimento é ou não remoso. Afinal, muitas são as recomendações para evitar essa categoria de alimentos, mas será que requeijão é remoso?
Para responder essa pergunta, vamos trazer informações não apenas sobre o requeijão, mas também sobre o conceito dos alimentos chamados de remosos ou “carregados”.
A cultura dos alimentos remosos
O termo remoso pode ser desconhecido para muitos, mas é bastante utilizado especialmente nos estados do Norte e Nordeste do Brasil.
A expressão vem do conhecimento popular e indica alimentos que causam reações na pele, como vermelhidão, coceiras ou até retardar o processo de cicatrização de um ferimento
Por isso, a crença é que tais alimentos devem ser limitados ou evitados em circunstâncias como pós-operatório, tatuagem, doenças de pele etc.
Então, requeijão é remoso?
O que os alimentos remosos costumam ter em comum, é o alto teor de proteínas e gorduras.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás, relata como em parte os alimentos remosos são entendidos do ponto de vista imunológico.
O que a tradição popular chama de alimento remoso, pode ser entendido pela ciência, como alimento alergênico, capaz de provocar reações somente em pessoas predispostas.
De fato, os alimentos ricos em proteínas e gorduras como os lácteos, são potenciais causadores de reações alérgicas por alimento.
Com isso, o consumo de lácteos como o requeijão, pode causar reações adversas para um grupo especifico, alérgico à proteína do leite de vaca.
Contudo, o requeijão não é prejudicial ou remoso para o público em geral, exceto para quem é alérgico ou intolerante a um ou mais componentes no produto.
Portanto, considerando a individualidade de cada um, o consumidor deve estar atento as possíveis reações após o consumo.
Quando existe reação alérgica a um determinado alimento, deve sempre o indivíduo ser acompanhado por um médico.
Um outro cuidado na dieta, é referente aos alimentos ricos em gorduras saturadas, como carnes processadas, salgadinhos e as frituras.
Embora seja comum o consumo desses alimentos, eles aumentam a produção de substâncias que fazem o corpo inflamar.
O requeijão, também deve ser consumido com moderação, pelo fato de 60 % da sua gordura ser na forma saturada.
O que os estudos dizem sobre a gordura saturada?
Um artigo publicado no Journal of Nutritional Biochemistry, demonstrou que a gordura saturada, a mais comum na dieta, tem efeito pró-inflamatório no corpo.
O estudo apontou que a alta ingestão da gordura por adultos saudáveis magros e obesos, aumentou a produção de citocinas inflamatórias.
Os resultados foram obtidos, após comparar a dieta dos participantes por três semanas, sendo os períodos separados da seguinte forma.
A primeira semana com dieta baixa em gordura saturada, na segunda os participantes receberam dieta rica em gordura monoinsaturada, e na terceira semana, dieta com alto teor em gordura saturada.
Após cada dieta, os pesquisadores identificaram que aquela rica em gordura saturada, estimulou a produção de citocinas assim causando a inflamação.
Em oposto, os pesquisadores relataram que uma dieta rica em gorduras monoinsaturadas, não apenas reduz a inflamação, mas também o risco de doenças metabólicas.
A gordura saturada está em maior quantidade na carne vermelha, leite integral e derivados, como requeijão, queijos amarelos e manteiga.
Veja ainda!
Qual a quantidade recomendada de gordura saturada?
A gordura saturada é a mais comum na dieta dos brasileiros, assim como na alimentação de boa parte do mundo ocidental.
De acordo com a Asbran, Associação Brasileira de Nutrição, para um adulto saudável, com uma dieta de 2.000 kcal por dia, é recomendado menos que 22 gramas de gorduras saturadas por dia.
Já a Escola Médica da Universidade de Harvard, indica que a pior gordura que podemos consumir é a trans, já a saturada deve mesmo ser limitada.
Embora estudos mostram a falta de evidências suficientes, para concluir que a gordura saturada aumenta o risco de doença cardíaca, substitui-la pelas gorduras poliinsaturadas pode diminuir o risco dessa doença.
A instituição cita outros estudos sugerindo limitar a gordura saturada e substituição por gorduras polinsaturadas, o que é o mais indicado para reduzir o risco de doença cardíaca.
Portanto, para que o consumo do requeijão possa ser feito de maneira saudável, o consumidor precisa estar ciente de suas condições de saúde, ter equilíbrio nas quantidades e uma dieta diversificada e nutritiva.
Revisão: Dra. Marianne Rocha Nutricionista
Referencias:
- https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/the-truth-about-fats-bad-and-good
- https://abeso.org.br/resposta-inflamatoria-liga-gorduras-alimentares-a-doencas-relacionadas-a-obesidade/